Branco Neve, Vermelho Rússia, é narrado em primeira pessoa pelo protagonista da história. Durante a leitura, aos poucos fica claro que o leitor está imerso no fluxo da (in)consciência do personagem, que está impelido sem qualquer aviso de suas lembranças rumo a seus delírios, e destes de novo rumo àquelas, e assim sucessivamente, enquanto toma forma a sequência entrecortada dos eventos, cenários e coadjuvantes da trama. Em meio à confusão mental causada pelas drogas e a muita frustração, acompanhamos a trajetória de Andrzej Vermski, completamente desequilibrado depois que a namorada Magda o abandona. Enquanto tenta achar o fio da meada de sua geração, passa os dias à procura de mais uma dose, bolando teorias de conspiração sobre a política polonesa ou, simplesmente, numa roleta-russa de mulheres. Ricocheteia entre a bela Magda, a fanática Ângela, a selvagem Natasha e a nerd Ala, namorada do amigo que lhe roubou Magda. Paralelamente, uma campanha xenofóbica contra o mercado-negro russo e a necessidade dos cidadãos pintarem suas casas com as cores da bandeira. Ou isto seria uma alucinação de nosso anti-herói? Poético, engraçado e, muitas vezes, perturbador, Branco Neve, Vermelho Rússia é um poderoso retrato da desesperança e descrença política reinantes na juventude europeia.
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