Descendente direto da escravidão, o trabalho doméstico no Brasil ainda é um retrato da discriminação de raça, gênero e classe, por ser exercido, majoritariamente, por mulheres pobres, negras e pardas. Se hoje as empregadas domésticas contam com direitos trabalhistas e organização sindical, muito disso se deve à atuação de Laudelina de Campos Melo.
Filha de Sidônia e Marco Aurélio, Laudelina nasceu poucos anos após a abolição da escravatura, em um tempo em que os negros eram claramente tratados como cidadãos de segunda categoria.
Fundou, em 1961, a Associação Profissional Beneficente das Empregadas Domésticas, em Campinas. À frente da entidade, encabeçou a luta por mais direitos em plena ditadura militar. Mobilizou a classe para realização de congressos nacionais que resultaram, na década de 1970, na regulamentação da profissão, no direito à carteira de trabalho assinada e no acesso à previdência social. Além disso, colaborou para a criação de associações e sindicatos em outras cidades do país.
Laudelina morreu em 1991, deixando sua casa para o sindicato local. Antes, porém, teve a satisfação de ver a Constituição de 1988 assegurar às domésticas o 13º salário, o repouso semanal remunerado, a licença-maternidade de 120 dias, e a aposentadoria, entre outras conquistas. Todos esses direitos e os que vieram depois são fruto direto da competência e determinação de Laudelina. Sua obra e memória seguem vivas por meio do trabalho da Casa Laudelina de Campos Melo, uma organização social de Campinas.
– Texto retirado do livro Extraordinárias Mulheres que Revolucionaram o Brasil.
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